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Vitórias, Derrotas e Percepções Políticas

  • policiasdadoxa
  • 5 de out. de 2021
  • 2 min de leitura

Por Gonçalo Rodeia Gomes


No domingo, os portugueses foram chamados a votar, pela terceira vez em plena pandemia, desta vez para elegerem os seus autarcas. De novo, nem todos disseram presente: atingimos um valor na ordem dos 47% de abstenção. Comparando com as eleições de 2017, verificou-se uma subida de quase 2 pontos percentuais.


Analisando os resultados das eleições e após ouvir António Costa, Francisco Rodrigues dos Santos e Rui Rio fiquei com dúvidas sobre quem seria o grande vencedor da noite. Todos fizeram discursos vencedores e abriram o champanhe. Apesar disso, o grande vencedor da noite foi Carlos Moedas, que surpreendeu tudo e todos vencendo a Câmara Municipal de Lisboa acabando com o domínio socialista, 14 anos depois.


António Costa no seu discurso afirmava que o “PS continua a ser o maior partido autárquico”. De facto, tem razão na análise que faz, porque o mapa autárquico, na sua grande maioria, continua pintado a cor-de-rosa. No entanto, não deixa de ser uma vitória com sabor agridoce porque perdeu a maior câmara do país e 11% do eleitorado das cidades. É também uma derrota pessoal porque António Costa apostou as fichas todas na campanha de Lisboa e mesmo assim, não foi suficiente.


Rui Rio afirmou “o PSD teve um excelente resultado autárquico”. Comparando com 2017, o PSD aumentou o número de câmaras e Rio será visto como o líder que apostou no homem certo para retirar a Câmara de Lisboa ao PS.

Carlos Moedas foi a lufada de ar fresco de que Rio precisava para demonstrar aos críticos internos que a estratégia seguida por esta direção é o rumo certo? Será o suficiente para se manter como líder do partido? Na noite eleitoral, Carlos Moedas proferiu uma declaração que permite várias leituras: “ganhámos contra tudo e contra todos”.


Francisco Rodrigues dos Santos também fez um discurso de vitória, afirmando que o “CDS ultrapassou todos os objetivos traçados”. Numa altura em que o partido se encontra fragmentado, o líder centrista foi “à boleia” de algumas coligações e aproveitou para marcar posição.


Nota ainda para os partidos mais à esquerda: o BE perde votos em relação a 2017, mas o suficiente para se manter como 3ª força política em Portugal. Quanto à CDU, foi uma má noite para Jerónimo de Sousa porque atinge uma das piores votações e este resultado é um acentuar do que se tem vindo a suceder noutras eleições. Poderá ser este o fim dum ciclo no PCP, abrindo caminho para possíveis sucessores.


No final de contas, todos os partidos fazem discursos de vitória. E na política, há vitórias com sabor a derrota e derrotas com perfume de vitória.


Gonçalo Rodeia Gomes




 
 
 

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