A história e o imperialismo russo
- policiasdadoxa
- 4 de mar. de 2022
- 3 min de leitura
Por Gonçalo Rodeia Gomes
O mundo acordou, no dia 24 de fevereiro de 2022, com a notícia de que a Rússia tinha começado a invasão à Ucrânia. Pouco mais de 8 anos após a anexação da Crimeia pela Rússia, as forças armadas de Vladimir Putin voltaram a atacar.
Passam os anos e a história repete-se: um opressor – Rússia - e um oprimido – Ucrânia - medem forças numa batalha que se avizinha sangrenta. O timing para a intervenção militar russa prende-se com uma aproximação ao mundo Ocidental desde que a Ucrânia começou a ser liderada por Volodymyr Zelensky, em 2019.
A Ucrânia, tal como muitos outros países de leste, está ligada à histórica URSS. E a verdade é que muitos destes países que estavam sob a alçada da “mother Russia” tornaram-se independentes. No entanto, em muitos deles a independência é uma mera aparência. O melhor exemplo é a Bielorússia, com um presidente que se encontra no exercício do poder desde 1994. Curiosamente, nas últimas eleições, de 2020, a União Europeia não reconheceu os resultados eleitorais e apenas um país reconhece Lukashenko como o seu presidente legítimo: a Rússia.
Ao contrário do que afirma Putin, a invasão ilegítima da Ucrânia não se destina a “desnazificar” ou a “desmilitarizar” este país. Esta ação militar russa não é mais do que a tentativa de reerguer uma União Soviética dos tempos modernos. Temo que esta ação militar na Ucrânia seja apenas o começo de outras invasões militares, pois o ideal do restabelecimento do império russo, do controlo geoestratégico e económico do território anteriormente pertencente à ex-URSS é evidente na retórica oficial de Moscovo.
Não há guerras legítimas e esta atuação do Kremlin é um atentado aos direitos humanos, ao direito internacional e à soberania da Ucrânia.
Com cerca de 44 milhões de pessoas e uma larga fronteira territorial, a “pequena” Ucrânia não consegue lutar em pé de igualdade com a superpotência que é a Rússia. E é neste panorama que entram os aliados: a NATO, ONU e UE deverão ter uma resposta firme e pronta na ajuda ucraniana. As sanções económicas impostas e a ajuda financeira para a compra de armamento defensivo estão a mostrar uma inesperada eficácia, quer pela robustez, quer pelo número de países ocidentais que as estão a aplicar.
A decisão da União Europeia de conceder uma ajuda financeira de cerca de 450 milhões de euros à Ucrânia para compra de armamento, numa clara tentativa de reforço militar do país no combate à guerra do leste europeu, é uma decisão histórica e que só demonstra que tempos de guerra exigem medidas extraordinárias.
Ao contrário do que Putin desejaria, os países da ex-URSS estão a optar por um caminho de aproximação ao mundo Ocidental desacorrentando-se do atraso promovido pelo legado socialista.
Todos os dias vemos notícias de bombardeamentos e ouvimos relatos de família que tentam fugir à guerra procurando um lugar que lhes dê segurança e paz. A ONU, aponta que até ao momento existem cerca de 370 mil refugiados ucranianos. No entanto, este número não se ficará por aqui, tendo tendência para crescer exponencialmente.
A par da crise política que se gera, haverá também uma crise humanitária. É necessário que sejam criados mecanismos de apoio por parte das instituições europeias e disponibilidade por parte dos países europeus para receberem os refugiados ucranianos.
O Papa Francisco na oração do Angelus semanal apelou a um “silêncio das armas” e reforçou a ideia de que “Deus está com aqueles que procuram a paz, não com aqueles que recorrem à violência”.
Só através do silêncio das armas e com negociações diplomáticas se alcançará o fim desta guerra ilegítima.
Gonçalo Rodeia Gomes

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