Planeta B: o que nos diz a exploração espacial
- policiasdadoxa
- 9 de mar. de 2021
- 4 min de leitura
Por Agente Freeman
Caros leitores, hoje partilho convosco um tema que é de alguma sensibilidade para todos nós, principalmente para os mais preocupados com o progresso e que tendem a perspetivar o futuro com esperança. Não é, por isso, um texto ao estilo dos que tenho vindo a partilhar. Contudo, espero que gostem.
A verdade é que começámos uma nova década inundados de visões do nosso planeta em perigo. Austrália consumida por chamas nunca antes vistas, degelo na Gronelândia e na Antártida, milhares de espécies animais em perigo de extinção, milhões de pessoas em perigo de perder as suas casas pelo avanço acelerado dos níveis das águas do mar e pelo crescimento avassalador de vários desertos (e sim, a lista continua).
Ao mesmo tempo, os níveis de dióxido carbono na atmosfera continuam a aumentar, uma das causas responsável pelo aquecimento global, que se apresenta como uma séria ameaça de devastação sobre o nosso planeta. O nosso futuro está cada vez mais ameaçado de uma maneira que parecia impensável há décadas.
Desta forma, pode parecer estranho que em tempos como estes, face a todos os acontecimentos, os cientistas virem as costas ao nosso atormentado mundo e virem as atenções para o que está para lá da Terra.
Contudo, este renovado interesse em matérias extraterrestres é muito real, algo que se torna claro quando se analisa o número e o conteúdo das missões atualmente em curso e as projetadas para os próximos anos.
Desde o apogeu da corrida à Lua, nos anos 60, que não se via um planeamento tão grande de missões espaciais. Apesar disto, desta vez, tais missões não serão dominadas apenas pelos EUA e pela Rússia, envolvendo não só países como a China, Índia, Japão, mas também empresas privadas como a SpaceX e a Boeing, que têm planeado o lançamento das suas próprias aeronaves tripuladas.
Em boa medida, a “European Space Agency” decidiu também aumentar o seu compromisso de exploração espacial, com um orçamento superior a 12,5 mil milhões planeados em missões que terão como principal objetivo a presente situação de flagelo da Terra. Uma dessas missões terá como finalidade a criação de uma nova frota de satélites com o único objetivo de monitorizar os níveis de dióxido de carbono em todos os pontos da Terra, criando assim o primeiro sistema de rastreamento dos principais poluidores mundiais.
Percebemos que esta estratégia europeia tem como principal objetivo o combate ao aquecimento global através da obtenção de novos dados que possam vir a ajudar nesta Guerra moderna do séc. XXI.
No entanto, há outro aspeto das viagens interplanetárias que é relevante para os infortúnios que afligem o nosso Planeta. Do espaço, podemos realmente apreciar o nosso mundo e a sua vulnerabilidade.
Até enviarmos sondas a Marte e a Vénus, tínhamos a ideia de que os nossos vizinhos mais próximos poderiam facilmente suportar vida. Ao invés, ficámos a saber que Vénus não é mais que uma nova versão do inferno, estando encharcado em ácido e que Marte perdeu a sua atmosfera há uma eternidade atrás.
Exatamente o porquê de estes dois planetas já não serem capazes de suportar vida não é claro, mas a matéria certamente é digna de investigação.
Estes dados são muito relevantes a vários níveis, não só academicamente, de forma a perspetivarmos soluções e cenários hipotéticos, como pelo facto de serem importantes alertas de que assim não podemos continuar. Assim, se continuarmos desta forma, jamais poderemos sequer ousar sonhar com um futuro no nosso planeta Terra.
“Space exploration tells us there is no Planet B, no chance to start over if we continue to make a mess of this world.”
Urge, cada vez mais, a necessidade de percebermos que na falta de uma intervenção séria em questões como as do Aquecimento Global, sem lutarmos por um real esforço sério a nível Global, que o nosso planeta pode seguir pelo mesmo caminho.
É, por isso, essencial a consciencialização de que o futuro da vida humana depende de TODOS nós e só JUNTOS conseguiremos inverter a situação. Ainda há tempo para remediar o problema, mas não podemos apenas ficar a assistir a esta Guerra, é requerido um esforço conjunto, uma união de forças nunca antes vista.
Nas palavras de Carl Sagan, astrónomo, quando apresentado a uma imagem do nosso planeta, tirada pelo Voyager 1 (sonda espacial), a 4 mil milhões de milhas da Terra, em 1990, foi possível escutar: “That´s here. That’s home. That’s us – Isto é aqui. Isto é a nossa casa. Isto somos nós” - quando apresentado perante um pequeno ponto azul. “Our posturing, our imagined self-importance, the delusion that we have some privileged position in the universe, are challenged by this point of pale light. Our planet is a lonely speck in the great enveloping cosmic dark. In our obscurity, in all its vastness, there is no hint that help will come from elsewhere to save us from ourselves – A nossa postura, a nossa presunção, a ilusão de que temos uma posição privilegiada no universo, é desafiada por este pequeno ponto pálido. O nosso planeta é um ponto solitário único nesta imensa escuridão cósmica envolvente. Na nossa escuridão, em toda a sua vastidão, não há qualquer sugestão de que qualquer ajuda venha de outro lugar para nos salvar de nós próprios”.
E, no limite, é isso que a exploração espacial nos tem vindo a dizer, que não há realmente um Planeta B, uma oportunidade de começar de novo.
A vista de cima mostra o quão precioso o nosso Planeta é e o quão necessária é a união de esforços e a nossa atenção neste momento tão delicado. E essa, meus amigos, deve ser encarada como a missão mais importante da nossa geração, deverá ser mesmo esse o nosso legado.
Ainda vamos a tempo. Temos apenas de acreditar e agir. Por nós e por todas as futuras gerações que nos irão relembrar como a geração que agarrou a oportunidade de salvar o planeta Terra.
Agente Freeman

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