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O eterno sentimento de culpa

  • policiasdadoxa
  • 1 de mar. de 2021
  • 3 min de leitura

Por Agente Smith


Caros leitores, durante toda esta semana, foram várias as notícias que surgiram e motivaram este texto. Foram várias as discussões que tive com amigos e colegas que me levaram a perceber que existem mais posições relativas a este tema do que aquelas que eu achava. Tentando não me desviar do assunto e relembrando que no dia 26 de fevereiro de 2021 a administração de Biden tomou a primeira ação militar bombardeando milícias na Síria [1], peço-vos que antes de continuarem a ler esta opinião passem na nossa página de instagram e respondam à poll: “Deve o “oeste” intervir em conflitos estrangeiros?”

Começo então a minha breve nota numa tentativa de libertação de angústia.

Desde o início da vacinação Covid-19 que Israel se tem destacado como o país que mais vacina per capita. Ao mesmo tempo, começaram a surgir alguns relatórios por parte, quer da autoridade Palestiniana, quer de várias organizações (exemplo Médicos Sem Fronteiras [2]) que ilustram a desigualdade e desequilíbrio que existe entre a vacinação em Israel versus a vacinação na Palestina. Pode surgir então a dúvida se um estado tem ou não o dever ético e civil de prestar apoio a outras nações nesta luta que é uma luta global. No entanto, este é um caso em que não pode haver espaço para tais dúvidas. As Nações Unidas, o Tribunal Internacional de Justiça, a União Europeia, entre outros, reconhecem estes territórios como Territórios Ocupados.

A ocupação do território palestiniano por parte de Israel cresce a cada dia que passa, os colonatos israelitas na Palestina são cada vez maiores e a ajuda que os pequenos territórios palestinianos não contíguos recebem é escassa. Surgem também relatórios e notícias que acusam Israel de não permitir a passagem de vacinas de apoio à primeira linha de socorro (trabalhadores de saúde) em Gaza [3], a polémica da compra de centenas de milhares de vacinas à Rússia para o regime de Assad, na Síria, em troca da libertação de uma jovem israelita nos montes Golã [4] e pouco depois vem-se a saber da “diplomacia de vacinas” que Israel tem tentado implementar com países como a República Checa, Hungria, Guatemala e Honduras [5].

Resumidamente, Israel doaria vacinas como “uma recompensa pelos gestos recentes de países que aceitam implicitamente a soberania israelita em Jerusalém”. Ora, apesar de tal programa estar atualmente suspenso por haver dúvidas sobre a sua legalidade, já se procedeu ao envio de algumas “recompensas” e dois dos países envolvidos pertencem à União Europeia. Entretanto, mais de 90% da população total israelita já tomou pelo menos uma dose da vacina, enquanto que ainda existem trabalhadores de saúde na Palestina que ainda não tiveram as suas doses quando ainda no mês de Fevereiro Israel tinha prometido para este grupo 5000 doses e até à data só 2000 foram entregues. Para o total de 5.2 milhões de habitantes das zonas de Gaza e West Bank apenas 32 mil doses de vacinas chegaram ao território. Finalmente, no dia 28 de Fevereiro de 2021, Israel anunciou que planeia vacinar palestinianos com permissão de trabalho em Israel (valor da permissão fica mensalmente entre 1500 e 2500 shekel, cerca de 500 euros). O director da região Israel e Palestina da organização “Human Rights Watch”, já se pronunciou sobre esta política afirmando que Israel tem obrigatoriedade imposta pelo direito internacional de vacinar todos os palestinianos que vivam sob o controlo efectivo deste Estado, reiterando que “to Israeli authorities, Palestinian life only matters to the extent it affects Jewish life” - para as autoridades israelitas, a vida palestiniana só tem valor na medida em que afeta a vida judaica [6].

Posto tudo isto, e voltando à poll inicial, sou eu também de uma opinião bastante dividida, mas creio que neste caso específico a única opção é intervir. Para além de algumas nações, como a República Checa e a Hungria, estarem a tomar posições controversas e claramente opostas à da UE, o tempo passa e apenas as ONGs presentes no território e os media condenam de forma incessante as ações de ocupação por parte de Israel.

Chegou a hora das grandes uniões e organizações baterem o pé, perderem o eterno sentimento de culpa e tomarem posições mais severas.


Por fim, divulgo um Podcast que retrata muito do que se passa nesta divisão com um grande grau de detalhe e seriedade. "Palestina, histórias de um país ocupado" - Fumaça [7].



Agente Smith


Referências:


Leitura adicional:


 
 
 

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