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O controlo das redes sociais: um presente envenenado?

  • policiasdadoxa
  • 12 de jan. de 2021
  • 2 min de leitura

Por Agente 1984


No passado dia 6 ocorreu, provavelmente, um dos acontecimentos mais impactantes da história moderna: o ataque ao Capitólio nos Estados Unidos da América.


Ora, tudo surgiu durante uma manifestação de apoio ao ainda Presidente Donald Trump. Este incitou nas redes sociais os seus apoiantes a bloquearem, a qualquer custo, o processo democrático que ali decorria, tendo culminado no resultado visto por todos nós.


Na sequência desta postura anti-democrática por parte de Trump, as principais redes sociais decidiram, unilateralmente, suspender, nas suas plataformas, as contas oficiais deste. O grupo Facebook inc. de forma indefinida e o Twitter por 15 dias.


A problemática do conteúdo de certas publicações feitas nas redes sociais não é de agora. O Twitter, por inúmeras vezes, já retirou publicações do atual presidente americano, também o Facebook faz esse controlo genérico de fake news nas suas plataformas.


Não há dúvidas que as redes sociais são o carburante perfeito para polarizar ainda mais a sociedade, seja de fake news ou de conteúdos manipulados. Os seus utilizadores, uma vez que ninguém carece de coragem atrás de um teclado, entram em disputas absurdas e irracionais iniciadas por publicações completamente desvirtuadas da realidade, acreditando piamente no conteúdo destas.


Até este ponto, penso que todos concordamos e ninguém estará contra a eliminação de conteúdos falsos ou trancados nas redes sociais. Todavia, a questão que coloco é: será legítimo suspenderem unilateralmente contas de utilizadores devido ao seu conteúdo inflamatório? Será que não estamos a abrir um perigoso precedente?


Nesta situação em particular, todos nós tendemos a responder que sim, devido à situação dramática que se vivia. No entanto, temos necessariamente de refletir de forma mais geral e abstrata.


Será aceitável, no seguimento deste raciocínio, darmos o poder de controlar e decidir quem pode ou não pode exercer a sua liberdade de expressão nas redes sociais, quer sejam as próprias empresas ou o Estado? No meu entender, não podemos.


O controlo da liberdade de expressão, por norma, é feito em ditaduras, não em democracias. A maior virtude de viver em democracia é, na verdade, ter que ouvir os idiotas, uma vez que só em democracia é que os idiotas podem falar. Com isto, não estou a dizer que naquele momento específico não o deveriam ter feito. Contudo, confesso que mesmo assim me inquietou um pouco. Porque hoje foi Donald Trump que foi suspenso, amanhã pode ser um ativista humanitário.


Se há algo que me assusta e me causa alguma apreensão é viver numa sociedade em que tudo o que eu faço ou exprimo pode ser controlado e fiscalizado. E, muito sinceramente, pouco me interessa se esse controlo é feito pelo Estado ou por empresas.

Se enquanto sociedade deixarmos que se torne normal o suspender ou o eliminar de contas, não pelo seu conteúdo falso, mas sim pelas reações que causam, estamos a caminhar para “1984”.


Agente 1984




 
 
 

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