top of page
Buscar

Fátima 2023: Acorda concelho de Ourém

  • policiasdadoxa
  • 13 de mai. de 2021
  • 5 min de leitura

Atualizado: 15 de mai. de 2021

Por Agente Cogito


Caros leitores, confesso que já tinha saudades de escrever sobre o meu concelho, o concelho de Ourém. No primeiro post do nosso projeto, que começou há pouco mais de 6 meses, tentei dar-vos a conhecer uma perspetiva de um jovem que quer sorrir, viver e sonhar em Ourém. Também no meu post sobre o exemplo de sorriso de Papa Francisco, texto de dezembro, procurei transmitir a admiração que nutro pela sua postura, distinção e sabedoria.


Hoje, tenho o enorme prazer de falar de ambos, do meu concelho, que tanto gosto, e de Papa Francisco, que tanto admiro.


Depois da visita histórica de Papa Francisco ao Iraque, com um simbolismo enorme, foi “confirmada” a sua presença na Jornada Mundial da Juventude (JMJ), um dos maiores eventos organizados pela Igreja Católica, à escala mundial, que se realizará em Lisboa, em 2023, sendo garantida também a sua visita a Fátima.


Em 2017, na sua primeira visita, recordo-me perfeitamente da alegria que o povo do concelho de Ourém teve em receber o nosso Papa, do clima de felicidade, do nervosismo e orgulho que pairava neste concelho com pouco menos de 50 mil habitantes, desde os mais novos aos mais velhos.


Lembro-me, particularmente, da sua aterragem, quando foi cumprimentado e recebido pelo Presidente de Câmara Paulo Fonseca. Um momento histórico para Fátima e para o concelho de Ourém.


Infelizmente, à semelhança do que aconteceu por todo o país, as restrições de circulação, a desaceleração da economia e a estagnação do turismo, de forma mais ou menos vincada, também se sentiram em Fátima, sobretudo na hotelaria, na restauração e no comércio dos vários artigos religiosos.


A sua visita será crucial para a revitalização de Fátima, para a reabertura de hotéis, de restaurantes, para o aumento do tráfego da rodoviária/ferroviária no concelho, para uma maior venda de artigos religiosos, para voltarmos a ver aquele “comboio” que andava pela cidade e para voltarmos a ver Fátima a brilhar.


Quem achar que esta visita não é benéfica para todos, muito pelos fatores multiplicadores que origina, está muito enganado. Vejamos, por exemplo, um pequeno empresário da Freixianda que vai colocar umas grades no Santuário e que acaba por contratar mais 3 funcionários para essa tarefa; Ou a proprietária do restaurante da X de Fátima que terá 200 refeições ao almoço; Também o eletricista Z de Ourém que irá resolver um problema de iluminação nas periferias do Santuário; Também a loja de informática de Alburitel, que irá resolver um problema operativo nos computadores das oficinas do Santuário, irá ter essa oportunidade; Ou até mesmo o café Y de Caxarias que irá servir 1500 cafés por ter tantos turistas a chegar no comboio.


Isto são pequenos exemplos, e poderia estar aqui uma eternidade que não me faltariam situações.


Bem sei que alguns leitores do nosso projeto devem estar a estranhar este tema, uma vez que, ao dia de hoje, apenas 20.4% dos nossos seguidores do Instagram são do concelho de Ourém, são apenas cerca de 660 pessoas. Mas, para os restantes seguidores, até mesmo para aqueles que não conhecem este concelho, julgo que esta abordagem pode ser interessante, de forma a contrastarem esta realidade com a realidade de outros “concelhos de Ourém” que conheçam, com perspetivas semelhantes, que existem certamente.


Como sabemos, Fátima acabou por se tornar, em menos de 20 anos, num dos sítios mais visitados de Portugal, muito pela sua capacidade para acolher os seus turistas e visitantes, pelo seu crescimento em termos de ofertas, serviços e infraestruturas. No fundo, Fátima tornou-se numa “mini Roma”.


No entanto, nem tudo são rosas e flores bonitas neste jardim angelical, porque há muita coisa que tem de ser repensada.


Na minha perspetiva, sabem qual é o maior “adversário” do nosso concelho e do nosso desenvolvimento?


Somos nós mesmos, o povo do concelho em si e no geral, as mentalidades e rivalidades que existem, principalmente entre Ourém e Fátima.


Há gerações e gerações que se sente uma rivalidade fora de campo entre as pessoas de Ourém e Fátima. Algo irracional e absurdo ao ponto de ser quase inato. A mentalidade de “os de Fátima ficam com tudo, são uns snobs” ou então de “os de Ourém querem-nos ficar com tudo, são uns pedantes” é mais que patente. Criou-se uma ideia no subconsciente das pessoas que existem 12 freguesias e mais 1: Fátima (quer por não se identificar com a restante parte do concelho ou pelo facto da restante parte do concelho não se identificar com Fátima; quer seja por sentir que é prejudicada ou por sentirem que é beneficiada).


Alguns leitores podem estar a sentir um leve desconforto porque às vezes isto parece ser uma espécie de tabu, exceto quando há eleições ou jantar de amigos em que todos se juntam. Aí já podemos ser todos amigos, até se esquecem das rivalidades, quase parecendo aquelas lutas caninas que quando se abrem os portões ambos recuam e já são todos amigos, já não se querem morder.


A ideia de “ele/a é de Ourém/Fátima, já não gosto dele/a” é tão absurda como alguém não gostar de outra pessoa pela sua cor de pele, pelo seu clube desportivo ou pela sua religião. Não faz sentido. E atenção, eu faço mesmo questão de abordar este tema, porque também não será com esta mentalidade que conseguimos fazer crescer o nosso, repito, nosso concelho. O concelho não é de Ourém cidade, o concelho é de todos e todos contam, por muito que a elitização política, social e económica procurem formar uma bola de neve em sentido contrário.


Isto só me faz lembrar uma briga entre irmãos, para ver quem fica com o último filipino. Acho que todos já estão na adolescência, ou já a ultrapassaram, já está na hora de saberem que o filipino, por pequeno que seja, também dá para dividir por 13.


É certo que Fátima contribui muito para o concelho, desde a criação de habitação, emprego e prestação de serviços, bem como a contribuição fiscal que contribui tão bem para a saúde financeira local. Mas sejamos sinceros, não será demasiado ingrato esquecermos a indústria, empresas e serviços de todo o restante concelho, quando se afirma que Ourém depende de Fátima (e vice-versa)? Creio que sim e deveríamos todos refletir um pouco quanto a isso.


Até já ouvi, embora apenas em barulho de fundo, que Fátima “pertencia” mais a Leiria e que até se deveria separar do concelho de Ourém. Quanto a isso, penso que a lei da vida acaba por ser cíclica. Nascemos, crescemos, fazemos família, vemos os filhos crescer, vivemos a reforma, a velhice e morremos.


Mas não nos esqueçamos de uma coisa: é certo que os filhos devem sair de casa dos pais quando crescem, mas nunca lhes devem virar as costas ou esquecer quem sempre lhes procurou dar o melhor. É uma ideia elementar.


E, não querendo revelar em demasia a minha identidade, para não perturbar o espírito deste nosso projeto, posso-vos revelar que estudei em Fátima 4 anos e, posteriormente, joguei futebol 2 anos no Centro Desportivo de Fátima.


Gosto muito de Fátima, de Ourém, do concelho e do sonho que tenho em poder ser feliz cá.


O concelho precisa de todos.

Todos precisam do concelho.

Todos precisam de acordar.


Para os mais jovens, falo da minha geração, uma geração com muita mais facilidade de comunicação e de abertura de horizontes, temos mais que obrigação e missão de entender isto.


Vamos agarrar esta oportunidade de Papa Francisco e, com coragem e união, fazer a diferença. Que este seja o milagre que estamos a precisar.

Os olhos do mundo vão estar em nós.


Façamos história.


Ourém, 13 de maio 2021

O vosso Agente Cogito



 
 
 

Comments


  • Instagram
  • Facebook
bottom of page