top of page
Buscar

2020: o beijinho à Mãe

  • policiasdadoxa
  • 28 de dez. de 2020
  • 7 min de leitura

Por Agente Cogito


Comecei a pensar neste texto há muito tempo, há quase um mês que disse à equipa que estava a imaginar o que vos irei escrever hoje.


O texto de hoje é um bocadinho diferente do habitual. Será também de reflexão, mas de uma reflexão distinta. Iremos também fazer uma viagem, à semelhança do que fazemos sempre. No entanto, hoje não será a nenhum Cinema, Vaticano ou a Ourém. Hoje, apenas vos peço que se sentem na vossa cadeira do quarto e tentem viajar até todos os bons momentos que tiveram ao longo deste ano. Aos sorrisos, às conquistas, aos abraços e às saudades.


Mas que ano longo… este 2020 foi um dos níveis mais difíceis neste videogame da vida, puseram tudo em modo difícil. Mas sabem que mais? Estamos mesmo quase a passar ao nível seguinte e a conquistar mais um degrau na nossa escalada.


Daqui a 100 anos, o ano 2020 estará nos livros da História da Humanidade. Daqui a 100 anos, quando os nossos netos cantarem o hino, quando chegarem aos “egrégios avós”, vão pensar em nós e em tudo o que passámos neste ano. Daqui a 100 anos, seremos a geração que venceu 2020. Daqui a 100 anos, cada suspiro, cada sorriso e cada aprendizagem será um exemplo para aqueles que nos irão olhar como heróis.


Quantos dos vossos sonhos ficaram suspensos com esta pandemia? Quantas viagens?

Quantos convívios? Quantos abraços e quantos sorrisos? Há tanta coisa que podia ter sido feita... mas há uma coisa que nos pode confortar: ainda estamos a tempo, acreditem, ainda estamos a tempo de fazer o que ainda não foi feito.


Até à pandemia, vivia num turbilhão, estava a acabar o meu curso, envolvido em alguns projetos, longe de casa, em busca de objetivos imediatos, sem tempo para pensar, respirar ou saborear verdadeiramente a vida da nossa juventude.


Quando a pandemia chegou, tudo ficou diferente, tudo mudou. Voltei à minha realidade original, voltei a dormir vários dias seguidos na minha cama, voltei a acordar com o bom dia dos meus pais, enfim, voltei a casa. Que saudades eu tinha.


Respirei, pensei, comecei a preocupar-me mais comigo, sofri de ansiedade, senti-me preso e sem perceber a gravidade da situação. Era tudo novo e tudo uma incógnita.


Hoje, a pandemia já faz parte do nosso quotidiano, já tiramos fotos com máscara, já temos a nossa pele habituada ao desinfetante e as notícias já são as mesmas de sempre.


Há poucos dias, uma grande amiga disse-me: vivemos na Era do descartável, em que as pessoas tratam os objetos e os relacionamentos como lixo, quase como um ciclo de usar, desgastar, substituir e deitar fora. E é incrível como, além de certa, a pandemia nos veio alertar para isso mesmo. Muitas vezes somos levados a olhar para as pessoas como números, como substituíveis e reparáveis, infinitas e imortais, ou então olharmos para as pessoas de fora do nosso círculo de amizades como indiferentes, como meros figurantes no filme das nossas vidas.


A pandemia também nos veio ensinar isto, que às vezes não é bem assim, que, principalmente em tempos de isolamento e solidão, um simples “bom dia” e um sorriso de um estranho nos pode encher o coração e nos fazer o dia. Imaginem se tivermos um “bom dia” e retribuirmos esse sorriso em tempos de alegria.


Sabem que mais? Não precisamos de ninguém, mas precisamos de todos.


Também foi com a pandemia que aprendi a viver com a morte. Além de todos os dias ouvirmos a contabilização das vítimas da Covid19, também este ano me levou muita gente que gostava, que deixam muitas saudades. Também estar em casa ajudou-me a perceber melhor este sentimento e esta sensação. Não somos nada, não valemos nada… mas somos tudo e valemos tudo, aos olhos de quem nos ama.


Quando se sentirem sós, lembrem-se que, neste mundo ou no outro, têm uma estrela a brilhar por vós, a dizer que estão magrinhos e que têm de comer mais… uma estrelinha que sorrirá com o vosso sorriso. As estrelas não precisam de estar no céu para brilhar, o mais difícil é percebermos isso.


Foi também graças à pandemia que cumpri este sonho, o sonho de fazer algo em prol da sociedade, nem que seja melhorar o metro quadrado que me rodeia, o sonho de estar às 02h58 a escrever-vos, um pouco emocionado, enquanto estou a ouvir uma das minhas músicas favoritas.


Há quem diga que o ser-humano é egoísta. Que tudo o que fazemos é baseado no egoísmo, até o facto de praticarmos o bem é, de certa forma, um sinal de egoísmo, por ficarmos bem com o facto dos outros estarem bem. Ou seja, que só queremos que os outros estejam bem porque também ficaremos bem, ao sabermos que estes estão bem. Eu não acredito nisso. Mas, se o egoísmo nos levar a praticar o bem, então, que sejamos egoístas, mas que seja o bem do próximo que nos mova.


A melhor maneira que encontrei para superar o isolamento foi procurar maneiras de estar sempre ocupado. Maneiras de sentir pressão, de me sentir vivo, como é o caso de vos escrever. Uma pessoa ocupada é uma pessoa preocupada, que se entrega à ação. Ao contrário, estamos apenas a mergulhar no desespero e nos ponteiros do relógio.


Soubemos e vamos ainda saber melhor viver na constante reinvenção, olhar os erros do passado como livros, que nos transmitem a sabedoria, olhar o presente como o grande desafio e o futuro como um caminho que iremos atravessar, com a bagagem do passado e do presente.


Todos nós já errámos, faz parte da nossa condição de seres imperfeitos, aliás, para mim, o erro é nosso amigo. Só temos de aprender a ser também amigos dele, de forma a compreendê-lo e a crescer com ele.


É isto que temos de fazer, as pazes com a vida e aceitar que há um destino para conquistar, com a certeza que o dia de amanhã dependerá da forma como olhamos para o dia de ontem e como nos levantamos no dia de hoje.


Como o meu pai me diz: se a vida te der limões, faz uma limonada.


Temos de aprender a não fazer barulho por causa de coisas insignificantes, que não valem a pena, impedindo que isso nos afete e nos retire a felicidade. Aprendi também isto, que a felicidade é uma sensação que poderá ser repetida, mas nunca de forma igual. Cada momento, cada sorriso e cada abraço irá eternizar-se como único e perpétuo em nós, que a sensação de felicidade é sempre exclusiva daquele momento.


Os sonhos são o trampolim da vontade, a vontade mais não é que o alimento do sonho. Não há coisa mais bela que deixarmos a nossa marca, nem que seja numa “pequena pedra da calçada”.


Não tenham medo de lutar pelo sonho, de lutar por vós. Temos de aprender a colocar um filtro nas críticas que nos fazem, a nós e aos nossos sonhos. É importante ouvirmos, pois quem ouve mais, sabe melhor.


No entanto, isso não quer dizer que tenhamos de absorver todas as críticas, interessam apenas aquelas que nos auxiliem a sermos melhores, que nos ajudem a crescer, que sejam construtivas, pois a razão não está e não estará sempre do nosso lado. Mesmo assim, temos de saber ignorar as críticas maldosas e injustas, pois essas críticas mais não são que o espelho do ciúme e da inveja. Nunca viram ninguém bater num cão morto….


E se correr mal? Se correr mal, tentarás tantas vezes que te orgulharás de não teres desistido. O importante é a forma como, no final da caminhada, olharás nos olhos da pessoa que vês no espelho.


Também temos de aprender a relativizar as palavras, aprender a relativizar as discussões e os problemas. Todas as feridas que temos abertas no coração, neste próximo ano, deixem de as tentar cicatrizar com gelo e frieza… passem a deixar que essas feridas estejam abertas e permitam que o amor, a esperança, o sonho e sorriso aí entrem.

O ano de 2020 também nos tirou o calor humano. Tirou-nos o “passou-bem”, o abraço, as festas, o beijinho e o carinho. Enfim, tirou-nos bastante… mas também, como já vimos, acabou por nos dar qualquer coisa.


Se soubessem as saudades que tenho de um abraço, de chegar a casa e dar um beijinho aos meus pais e um aperto de mão aos meus amigos, as saudades de ir na rua e não sentir esta desconfiança, do calor humano e da amizade de tantos amigos que não vejo há tanto tempo…


Hoje, escrevo-vos numa noite que finalmente estou mais motivado. Os meus pais e o meu irmão estão recuperados da infeção da Covid19, estão praticamente bons e já brincamos entre todos. A sensação foi estranha, estar deitado a ver televisão e ver, a toda a hora, notícias negativas e de todas as suas complicações… mas também a esperança e a vontade de os ver bem nunca foi tão grande.


Acreditem que pensar positivo e atrair boas energias, de forma mais ou menos intensa, acaba por ser melhor que não pensar em nada ou pensar de forma negativa. Isto foi comigo e foi agora. Mas deve ser para todos vós, para todos nós, a cada momento e em qualquer lugar.


Procurem deixar a vossa marca em tudo o que fazem, nem que seja deixar um pouco do vosso legado no vosso colega de trabalho, no vosso amigo, na pessoa com quem são educados no metro e deixam entrar primeiro ou com o estranho que vos diz “bom dia”. Deixar a marca, por vezes, é mais fácil e simples do que pensamos….


Valorizem quem vos valoriza, sorriam para quem vos olha, rezem por quem vos quer bem, sonhem por quem vos quer ver sonhar, sejam felizes por quem vos quer ver brilhar.

Valorizem a amizade, a família e os momentos. Nunca se esqueçam que um Homem que morre sem amigos, é um Homem que morre e não deixa saudades.


Que 2021 seja o ano da reabertura das nossas vidas, dos nossos sonhos, da nossa liberdade e de tudo aquilo que gostamos…


Que o beijinho à Mãe volte a ser dado, desta vez ainda com mais força, ternura e carinho. Que este beijinho simbolize todas as dores, frustrações e momentos menos bons que este 2020 nos deu… quando falo de Mãe, falo de todas as pessoas de quem gostamos. Que esse beijinho à Mãe fique eternamente presente em nós e nos sirva de bússola, pois não há nada que nos dê mais força, inspiração e coragem que um beijinho da Mãe.


Não somos eternos, mas as nossas ações, pensamentos e palavras poderão ser. Sorriam, sorriam muito, é a única coisa que nos enche a alma, que enche a alma do próximo, que é universal e gratuita.


“Confia em ti, sendo sempre humilde, fazendo o teu melhor… se algum dia a força não chegar, dá apenas ouvidos ao que a vida te quer ensinar. De certeza que sairás mais robusto e avisado… acredita, isso basta”.


Que este texto seja também lido daqui a 100 anos e que, na altura, consigam honrar o nosso legado. Não haverá coisa mais bela que brilharmos e vermos brilhar quem queremos que brilhe.


Um abraço fraterno do vosso amigo Agente Cogito.


Dedicado a vós, à equipa, aos meus amigos e à minha família.


Que venha o ano do nosso sorriso, o ano 2021.


O vosso Agente Cogito



 
 
 

Comments


  • Instagram
  • Facebook
bottom of page